Durante muito tempo, possuir ativos próprios era símbolo de força no mundo dos negócios. Ter equipamentos, frota, sede própria e infraestrutura completa era sinônimo de estabilidade, poder e autonomia. Mas o cenário mudou.
Hoje, cada vez mais empresas estão trocando a posse pelo uso. E não se trata de abrir mão do controle, mas sim de adotar uma nova mentalidade mais ágil, eficiente e estratégica.
A pergunta não é mais “vale a pena comprar?” e sim “faz sentido ter isso parado?” ou “usar sob demanda resolve melhor minha operação?”.
Neste conteúdo, vamos entender por que a lógica do “ter ou usar” está ganhando espaço no ambiente corporativo, como ela se conecta a tendências como economia circular, ESG e tecnologia, e de que forma impacta a tomada de decisão em diferentes setores.
O que este artigo aborda:
- De posse como status a uso como inteligência
- O que impulsiona essa mudança de mentalidade?
- Casos práticos: onde a lógica do “usar” já é realidade
- E no setor logístico? Uma mudança estratégica
- O papel da tecnologia nesse movimento
- Ter ou usar? Como decidir
- Conclusão: eficiência é o novo prestígio

De posse como status a uso como inteligência
A princípio, a posse de bens já foi um indicativo direto de solidez. Empresas que adquiriam sua própria frota, maquinário ou galpão ganhavam autoridade no mercado, mostravam capacidade de investimento e independência operacional.
Porém, em um mundo cada vez mais conectado, instável e orientado por dados, essa equação deixou de fazer sentido em muitos casos. Manter um ativo imóvel ou ocioso significa perda de liquidez, aumento de custos e redução da adaptabilidade.
É aí que entra a mentalidade do “usar” em vez de “ter”. Trata-se de um novo olhar sobre eficiência, onde o acesso substitui a propriedade. Alugar, compartilhar, terceirizar ou contratar sob demanda passou a ser mais interessante do que adquirir, manter e depreciar.
O que impulsiona essa mudança de mentalidade?
Vários fatores contribuem para essa virada no comportamento empresarial:
1. Otimização de custos: ao evitar a aquisição de ativos próprios, as empresas reduzem gastos com manutenção, seguros, depreciação e impostos. Isso libera capital para investimentos mais estratégicos.
2. Flexibilidade operacional: a lógica do uso permite adaptar a estrutura de acordo com a demanda. Se o negócio cresce, contrata-se mais. Se há baixa, reduz-se o volume. Sem o peso da posse.
3. Sustentabilidade e economia circular: alugar ou compartilhar bens em vez de comprar reduz o consumo de recursos naturais e o descarte de materiais. Isso fortalece o compromisso ambiental da empresa.
4. Foco no core business: empresas que terceirizam infraestrutura e equipamentos conseguem concentrar esforços no que realmente gera valor para o cliente.
5. Evolução tecnológica constante: por fim, em setores onde a tecnologia avança rápido, ter um bem pode significar estar defasado em pouco tempo. Usar sob demanda garante acesso ao que há de mais atual.
Casos práticos: onde a lógica do “usar” já é realidade
Essa mudança já é visível em diversas áreas do mercado corporativo. Veja alguns exemplos onde o modelo de uso vem substituindo a posse:
Frotas corporativas
Empresas de diversos portes estão substituindo a compra de veículos pela locação, pois isso evita custos com manutenção, documentação e renovação.
Equipamentos industriais e logísticos
A demanda por soluções como a locação veículos de movimentação de cargas cresce, especialmente em centros de distribuição, galpões logísticos e operações sazonais. O modelo permite ampliar ou reduzir rapidamente a capacidade operacional sem comprometer o caixa.
Tecnologia e TI
Sistemas, softwares e equipamentos passaram a ser oferecidos no modelo SaaS (Software as a Service) ou locação de hardwares. Ou seja, o cliente paga pelo uso, sem precisar comprar nem manter.
Espaços corporativos
Coworkings, escritórios flexíveis e salas de reunião sob demanda permitem que empresas atuem com mais agilidade e economia, sem o peso de um contrato fixo de longo prazo.
Energia e infraestrutura
Modelos de energia solar por assinatura, por exemplo, possibilitam acesso a fontes limpas sem necessidade de investimento em placas e instalação.
E no setor logístico? Uma mudança estratégica
No setor logístico, a lógica da posse sempre foi dominante. Mas isso está mudando rapidamente. Com o crescimento do e-commerce, a demanda por agilidade e escalabilidade tornou o modelo de uso muito mais atraente.
A locação de empilhadeiras é um exemplo claro. Em vez de adquirir um equipamento caro, lidar com manutenções frequentes e correr risco de ociosidade, as empresas optam por alugar de acordo com a necessidade. Isso garante acesso a modelos modernos, assistência técnica especializada e suporte imediato em caso de falha.
Além disso, o modelo facilita operações sazonais e permite testes de expansão sem compromissos financeiros de longo prazo. É uma solução que une eficiência, economia e segurança operacional.
O papel da tecnologia nesse movimento
A transformação digital também impulsiona a mentalidade do uso. Com plataformas inteligentes, sensores IoT e gestão em nuvem, fica mais fácil controlar ativos alugados com a mesma precisão que os próprios.
Nesse sentido, a conectividade permite compartilhar recursos entre diferentes unidades, monitorar performance em tempo real e gerar relatórios que auxiliam na tomada de decisões.
Em outras palavras, usar ficou mais seguro, rastreável e inteligente. Isso reduz barreiras de confiança e incentiva mais empresas a aderirem a esse novo modelo.
Ter ou usar? Como decidir
Adotar a mentalidade do “usar” não significa abandonar completamente a posse. Aliás, em muitos casos, ter ainda é o melhor caminho. O que muda é o critério de escolha.
Veja algumas perguntas que ajudam na análise:
- O ativo será usado com frequência e de forma estratégica?
- Os custos de manutenção e atualização são altos?
- Existe risco de obsolescência?
- Há possibilidade de escalar ou reduzir a operação com agilidade?
- O investimento compromete o caixa ou endividamento da empresa?
Se a resposta for “sim” para a maioria, vale considerar o modelo de uso. Essa avaliação precisa ser feita com base em dados, projeções e alinhamento com os objetivos da empresa.
Conclusão: eficiência é o novo prestígio
Em tempos em que flexibilidade, sustentabilidade e inteligência de gestão se tornaram prioridade, ter menos pode ser sinônimo de fazer mais. A nova mentalidade do “ter ou usar” reflete uma evolução natural do mercado corporativo, que já não se guia apenas pela posse, mas sim pelo propósito, eficiência e adaptabilidade.
Mais do que uma tendência, esse movimento revela uma mudança profunda na forma como as empresas enxergam seus recursos. Alugar, compartilhar ou contratar sob demanda deixa de ser exceção e passa a ser estratégia.
No fim das contas, o que importa não é ter o equipamento mais caro na garagem, mas sim usar exatamente o que sua operação precisa, no tempo certo, com o melhor custo-benefício.
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