Revista Portal Útil

Mula sem cabeça, Saci-pererê, Curupira… Quem nunca se divertiu ou assombrou com as histórias do folclore brasileiro?

Essas personagens surgiram há muito tempo no imaginário do povo, que buscava explicações para elementos da vida cotidiana ou até mesmo formas alegóricas de passar ensinamentos para novas gerações. 

Por serem marcadas fortemente pela oralidade, é comum que alguns elementos das histórias – como uma descrição ou outra e nomes de algumas figuras – mudem de região para região do país, mas com certeza há uma história em todo canto. 

Mesmo com essas diferenças, as lendas, mitos e personagens que formam nosso folclore são uma excelente forma de conhecer um pouco mais sobre a nossa cultura história dos três principais povos que formaram nosso país: portugueses, negros e indígenas.

Com narrativas repletas de mistérios e aventuras, os contos trazem histórias de amizade, coragem e cuidado com o meio ambiente, valores muito interessantes para trabalhar com as crianças por meio do lúdico e do mundo da imaginação. 

Por isso, que tal conhecer um pouco mais sobre o folclore brasileiro para apresentar esses personagens mágicos e intrigantes no momento de contar histórias para os pequenos? 

Acompanhe nesse texto especial da Revista Portal Útil.

O que este artigo aborda:

Quais são os personagens do folclore brasileiro?
Quais são os personagens do folclore brasileiro?
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Saci-pererê

Com toda certeza o Saci é um dos personagens mais famosos do nosso folclore. Mas você sabe a origem da lenda do menino negro travesso, que usa gorro, roupa vermelha e tem uma perna só? Bom, tudo começou assim:

A história do Saci surgiu entre as tribos indígenas do sul do Brasil, mas suas características físicas remetem à cultura africana, especialmente o fato dele fumar cachimbo e ter perdido a perna lutando capoeira. 

Diz a lenda que o Saci nasceu do broto do bambu, onde ficou até completar 7 anos. Depois disso, o menino travesso passou a percorrer as matas do interior do país fazendo brincadeiras para confundir seres humanos e também animais. 

Dizem que o Saci gosta de fazer tranças no rabo dos animais durante a noite, esconder objetos, assustar viajantes e de atrapalhar cozinheiras, criando distrações para que queimem a comida e trocando o sal pelo açúcar.

Mas, apesar de adorar pregar peças, o Saci não é do mal! Ele é o guardião das ervas medicinais e sabe como utilizá-las para curar qualquer tipo de doença.

Ele também protege as matas, atrapalhando quem quer pegar recursos naturais sem permissão. 

O menino de uma perna só geralmente aparece em um redemoinho de vento e, para capturá-lo, basta jogar uma peneira no redemoinho, tirar o capuz que ele veste e prendê-lo em uma garrafa.

Curupira 

O Curupira é o espírito protetor da floresta, que cuida das matas e de todos os animais brasileiros. Por isso, nem pensar em mexer em nossa fauna e flora, hein? 

Embora não faça mal a ninguém, o Curupira pode ter uma aparência assustadora, com cabeleira vermelha, baixa estatura, pele esverdeada e pés virados para trás. 

Sua especialidade é fazer com que caçadores, madeireiros e lenhadores esqueçam os caminhos e, assim, se percam nas florestas que pretendiam destruir. 

Por ter os pés ao contrário, o espírito lendário conduz os malfeitores cada vez mais para dentro do mato, em vez de fazer com que saiam em segurança.

Dizem que ele é muito curioso e, para escapar de suas armadilhas, o único jeito possível é fazer um novelo com lã ou cipó e esconder bem a ponta. O Curupira ficará tão entretido tentando desfazer a armação que se esquecerá de você. 

Não se sabe ao certo quando a lenda do Curupira surgiu, mas mais uma vez os povos nativos brasileiros estão envolvidos na criação da lenda, uma vez que é o termo tupi-guarani kuru’pir, que significa corpo de menino, que dá nome ao personagem.

Boitatá 

Talvez essa lenda não seja tão conhecida quanto as duas primeiras apresentadas, mas você vai se encantar com a história da enorme serpente que protege o bioma brasileiro, principalmente de pessoas que realizam queimadas. 

Mais uma vez, o tupi-guarani aparece na nomenclatura do ser folclórico. Na língua indígena, boi significa cobra e tata de fogo, então fica fácil entender o porquê a criatura é tão temida e respeitada por todos. 

Segundo a lenda, o Boitatá pode se transformar num tronco em chamas, enganando os destruidores da floresta, atraindo-os para perto e queimando-os para que não façam mais mal à natureza e aos animais. 

Algumas versões da história também dizem que quem olha o Boitatá diretamente torna-se cego e louco, então é melhor tomar cuidado para não encontrar a grande cobra por aí!

Um dos primeiros a tratar dessa lenda de forma escrita foi o padre jesuíta José de Anchieta, no século XVI, durante a colonização do Brasil.

Em seus escritos, baseado nos relatos dos povos nativos, Anchieta afirma que, quando o Boitatá se mexe, não se vê outra coisa que não seja um rastro cintilante e que a aparição geralmente ocorre junto ao leito de rios que cortam as matas. 

Iara

Também conhecida como Mãe d’água, a Iara é uma lenda folclórica com origem nas tribos indígenas no norte do país, localizadas próximas à região da floresta amazônica. 

Seu nome significa “aquela que mora nas águas” e sua história, embora seja mais conhecida por atrair os homem para os rios e afogá-los, não começa por aí. 

Antes de se transformar em sereia, Iara era uma corajosa guerreira indígena, dona de uma beleza sem igual. Com inveja de sua força e encanto, seus irmãos resolvem matá-la, mas Iara se liberta e quem acaba perecendo são seus traidores. 

Com medo da punição que poderia receber do pajé da tribo, Iara resolve fugir, mas ele consegue encontrá-la e, como castigo pela morte dos irmãos, a lança ao rio. 

Com pena da bela jovem, os peixes resolvem salvá-la, a transformando na criatura metade peixe, metade mulher, que conhecemos hoje. 

Como vingança, desde então Iara habita os rios amazônicos, hipnotizando homens com seu belo canto e voz doce, fazendo com que se afoguem nas águas que são de seu domínio. 

Vitória-régia

Essa é mais uma história do norte do país e, como o nome mesmo sugere, conta a história da planta aquática vitória-régia, que enfeita os rios da região amazônica.

Tudo começou quando a linda índia Naiá se apaixona por Jaci, a lua, que costumava namorar as jovens mais bonitas da região e transformá-las em estrelas que habitariam o céu junto a ele.

Conforme o tempo passava, Naiá ficava mais e mais ansiosa pelo encontro com seu amado, até que, certa noite, a índia estava sentada à beira do rio, quando viu a imagem de Jaci refletida na água. 

Emocionada e tomada pela ilusão do encontro com a lua, Naiá se inclina para beijá-lo, mas desperta do devaneio, infelizmente não a tempo de se salvar, e acaba morrendo afogada. 

Jaci, ao saber do que havia ocorrido com a amada, decide homenageá-la de uma forma muito especial, tornando-a a estrela das águas, que hoje conhecemos pelo nome de vitória-régia. 

Conclusão

Viu só como nosso folclore é rico? E esse são apenas alguns dos contos, mas tem histórias para todos os gostos, com toques de romance, aventura, diversão e até mesmo um pouquinho de terror. 

Agora é só buscar a sua favorita e se deliciar, passando horas imaginando esses seres fantásticos que, segundo alguns, vivem entre nós. E aí, você acredita?  

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