Você consegue se imaginar gastando apenas 15 minutos andando para acessar qualquer infraestrutura de saúde, emprego, educação e comércio? Veja como esse modelo de cidade tem revolucionado o urbanismo!
Todo dia, você precisa acordar pelo menos duas horas antes do horário de trabalho para tomar uma ducha e comer algo antes de sair e enfrentar um trânsito de mais de uma hora.
Essa é a realidade de milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo para quem vive em grandes centros urbanos, como São Paulo, Londres, Paris, Nova York, Mumbai, Tóquio, entre outros exemplos.
Visando melhorar a mobilidade e, consequentemente, a qualidade de vida nas cidades, prefeituras e urbanistas discutem hoje o conceito da cidade de 15 minutos. Você sabe do que se trata? Confira mais detalhes a seguir!
O que este artigo aborda:
O que é?
Esse conceito se insere em um contexto que reconhece a importância de as cidades serem lugares para viver, e não apenas para trabalhar. A ideia de que os habitantes só precisam de 15 minutos para acessar serviços e trabalho é desafiadora, mas tem conquistado espaço no debate público especialmente desde o início da COVID — contexto em que deslocamentos demorados em transporte público se tornaram um dos principais meios de transmissão do coronavírus.
Para que a cidade de 15 minutos exista, é preciso que os poderes públicos municipais realizem uma grande descentralização da infraestrutura, dos serviços e das ofertas de emprego.
A grande concentração desses fatores em poucas regiões é o que estrutura toda a desigualdade espacial nas cidades e obriga trabalhadores com menos renda a gastarem mais tempo no deslocamento até o trabalho e a infraestruturas de cultura, educação, saúde, entre outros.
Quais os benefícios?
Ao propor que as pessoas acessem infraestrutura e direitos básicos em um raio que compreende 15 minutos a pé ou de bicicleta desde as suas residências, a cidade de 15 minutos reduz o tempo de deslocamento e a emissão de gases poluentes (utilizados no funcionamento de veículos e transporte público). Com menos trânsito, também se reduz o estresse e o desgaste dos moradores dessas cidades.
Além disso, esse modelo cria maior coesão social, faz com que as pessoas vivenciem mais o espaço ao redor de sua casa, realizem uma zeladoria desse espaço e se sintam mais pertencentes a essa região.
Por fim, ao descentralizar serviços e infraestrutura, esse modelo estimula a economia local (ao garantir que haverá compradores nos pequenos comércios em regiões menos disputadas da cidade). Um novo paradigma surge com esse modelo, que quebra a ideia de cidades com um centro único e traz um planejamento para múltiplos centros.
A cidade de 15 minutos convida a pensar em cidades organizadas não pela competição e pela exclusão, mas pela cooperação e inclusão. Para garantir a circulação de pessoas em diferentes horários, é preciso proporcionar conforto e segurança para que elas circulem (sobretudo mulheres, idosos e crianças).
Outro benefício importante da cidade de 15 minutos é que ela convida as pessoas a se exercitarem mais nas caminhadas, o que é estratégico em um contexto em que a obesidade se tornou um problema de saúde pública em inúmeros países e que a expectativa de vida vem aumentando.
Como fazer?
Para que a cidade de 15 minutos se torne realidade em diferentes países, é preciso que os gestores públicos atuem a partir de um novo planejamento das cidades, que descentralize serviços e bens, além de novas leis de zoneamento que priorizem pedestres e ciclistas e restringem mais a circulação de veículos privados nas ruas.
Essas mudanças devem envolver diferentes atores sociais além do poder público, como pesquisadores, associações de moradores e organizações que pautem temas como mobilidade, desenvolvimento sustentável e inclusão nos espaços urbanos.
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